Ostomia é uma técnica cirúrgica que exige a abertura da parede abdominal do paciente e o desvio do seu fluxo intestinal ou urinário ao meio externo, o que requer o uso de uma bolsa coletora de fezes ou urina. Para alguns, essa é uma condição temporária, mas para muitos é uma situação a ser gerenciada por tempo indeterminado e até pela vida toda. O Sistema Único de Saúde (SUS) tem cadastrados cerca de 50 mil brasileiros com esta condição, mas se estima que o número seja maior, beirando os 100 mil casos.

Como enfrentar uma rotina estafante de higienização da bolsa, que precisa ser esvaziada várias vezes ao dia, levando uma vida normal e sem abalar a autoestima pelo medo de vazamentos e do odor da bolsa? E durante a pandemia do novo coronavírus, como ficam os cuidados especiais para essas pessoas? Essas perguntas são respondidas a milhares de seguidores por Vivi de Oliveira nos diversos canais do blog Ostomia sem Tabu.

Eu me mudei recentemente para uma casa maior, o que ajudou na hora de cumprir o decreto de “ficar em casa” pelo espaço que tenho hoje. Mas não vou mais ao hospital buscar meu material de ostomia porque sou do grupo de risco (não pela ostomia, mas pela doença renal crônica). Então uma amiga enfermeira é quem traz o meu material aqui em casa. Por não ter mais compromissos fora de casa eu acabo tendo mais tempo para poder fazer conteúdos no Instagram e outras redes”, conta ao ViDA & Ação a bancária de 32 anos, blogueira e mãe de pet.

Apesar da ansiedade, cuidar-se no home office ficou mais fácil

Vivi revela que sofreu com a ansiedade no isolamento (foto: Divulgação)

Os dias de confinamento não têm sido muito fáceis. “Consequentemente em decorrência do isolamento social e falta de socialização com outras pessoas a minha crise de ansiedade atacou de novo, esporadicamente, mas eu tive e não foi legal”, revela Vivi.

Por outro lado, o fato de poder trabalhar em home office lhe deu mais tranquilidade na hora em que precisa trocar a bolsinha ou tomar um banho porque só trocar já não é o bastante. “Por já estar em casa eu perco somente uns 40 minutos entre banho e troca da bolsa e isso impacta menos na minha produção no trabalho”, afirma.

A blogueira também ganhou um carro, o que acaba ajudando na segurança na hora de sair e ir ao supermercado. “Não preciso mais pegar Uber que entra e sai todo mundo”, conta. Hoje, ela continua as aulas do MBA, mas dessa vez online até que tudo se normalize. “Isso é um grande benefício, porque quando termina a aula eu só saio do escritório e vou para o quarto dormir”, conta ela.

‘Namorei e fui à festas e baladas usando fraldas e bolsinha’

Ostomizada desde os 2 anos, Vivi, de 32, ajuda a empoderar outras pessoas (Foto: Divulgação)

Combater o preconceito contra as pessoas que convivem com o procedimento da ostomia sempre foi o objetivo de Vivi, que é ostomizada desde os dois dias de vida por uma má formação no aparelho digestivo. “Nasci sem o intestino grosso, sem o reto e o ânus imperfurado. Usei fraldas até os 22 anos idade e, acreditem, namorei, fui à festas e baladas usando fraldas e bolsinha”, conta ela, sempre com leveza e bom-humor.

Eu passei por algumas situações constrangedoras em função da bolsa de ostomia, tanto pelo odor quanto pela dificuldade de troca. Cansei de me sujar e foi desesperador. No início, ainda criança, eu tive a ajuda da minha família, mas precisei me tornar independente e aprender a fazer tudo sozinha. Eu me empoderei desse processo para seguir vida normal e tento ajudar outros nessa mesma situação a serem felizes e viverem como qualquer outra pessoa”, conta Vivi.

Formada em Magistério e Marketing, ela passou também pelo curso de Ciências Contábeis. Em uma rotina repleta de operações, médicos e de um exercício constante para manter a autoestima elevada, Vivi se tornou criadora e administradora do maior grupo de ostomizados do Brasil.

Se existe alguém capaz de aproveitar cada segundo dessa adorável vida de ostomizada, esse alguém sou eu. Uma de minhas maiores aventuras foi me casar e viver esse mundo de desafios constantes e maravilhosos que é a vida a dois”, afirma, otimista.

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