Mamografia: tudo o que você precisa saber

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Neste Dia Nacional da Mamografia (5 de fevereiro), a Sociedade Brasileira de Mastologia reforça a recomendação para que todas as mulheres realizem a mamografia anualmente, a partir dos 40 anos para rastrear o câncer de mama. O exame, uma espécie de raios X das mamas, detecta alterações sugestivas de câncer, mesmo antes de se tornarem palpáveis.

“A SBM defende essa rotina nessa faixa etária, baseada em estudos. Chega de divergir e discutir o sexo dos anjos. O fato é que estamos perdendo vidas. A realidade é que o quanto antes diagnosticarmos o câncer, maiores são as chances de cura. A mulher tem o direito de se cuidar, de se prevenir e de ter acesso rápido ao tratamento quando necessário. Ela precisa fazer valer esses direitos e, para isso, pode contar com a Sociedade Brasileira de Mastologia”, afirma Heverton Amorim, presidente da Comissão de Imagem da entidade.

Segundo ele, num cenário como no Brasil, onde a cada ano cerca de 58 mil novos casos aparecem, matando mais de 13 mil mulheres anualmente e onde não há um programa de rastreamento governamental estabelecido, o papel da mamografia é essencial para auxiliar o mastologista na batalha contra o câncer de mama. “Temos que lutar pela acessibilidade de nossas mulheres a este exame tão importante e que realmente salva vidas”, completa.

Já o autoexame hoje é utilizado como um meio da mulher conhecer seu corpo e identificar o que é normal nas suas mamas. A palpação das mamas pode gerar desconforto em algumas mulheres, mas deve ser feito para que ela se conheça melhor. Qualquer dúvida deve ser tirada com um mastologista. “A junção da mamografia, do exame clínico e do autoexame é fundamental para a prevenção de novas mortes pela doença”, explica o especialista.

Um estudo da Duke University Medical Center, 93% das mulheres acima de 50 anos relatam dor durante a mamografia por causa da compressão das mamas, que se faz necessária. Apesar do desconforto momentâneo, os benefícios são indiscutíveis, como afirma Fernanda Philadepho, radiologista mamária e membro do corpo clínico da CDPI (Clínica de Diagnóstico por Imagem) e da Alta Excelência Diagnóstica.

“Quando se descobre o câncer no início, as chances de cura e sucesso do tratamento são significativamente maiores e o risco de morte cai de 30% a 70%. Portanto, é fundamental saber que o exame de mamografia é extremamente relevante à saúde da mulher, não devendo deixar de realizá-lo por receio quanto ao desconforto, uma vez que isso pode impedir o diagnóstico precoce do câncer, diminuindo as chances de cura”, conta a especialista.

 

Estudos podem fazer confusão no Brasil

 Estudos científicos publicados em todo o mundo preocupam as sociedades médicas que combatem o câncer de mama, pois podem “dar munição” para que governos e planos de saúde não incentivem a mamografia a partir dos 40 anos. O mais recente deles é u, trabalho publicado pelo Centro Nordico Cochrane, em Copenhagen, Dinamarca, no AnnalsofInternal Medicine, intitulado BreastCancerScreening in Denmark. O estudo teve como base dados coletados de mulheres dinarmaquesas que realizaram rastreamento populacional com mamografia, entre 35 e 85 anos, levando em conta pacientes diagnosticadas com câncer de mama invasivo, durante o período de 1980 a 2010.

Para a Sociedade Brasileira de Mastologia este estudo, com dados muito confusos e conflitantes, tentou desqualificar a mamografia como método de rastreamento para o câncer de mama.  A entidade alerta para a importância da interpretação dos resultados de alguns estudos, especialmente os do exterior, sobre rastreamento do câncer de mama. Isso porque alguns podem não ser aplicáveis à realidade brasileira.

Segundo Heverton Amorim, este estudo específico afirma que mulheres que realizam mamografia não têm benefício para o diagnóstico precoce, pois as mulheres que realizaram o exame tinham tumores avançados tanto quanto as que não realizaram o rastreamento. “Mais do que essa conclusão que vai contra toda literatura médica mundial, o estudo também afirma que as mulheres realizando o rastreamento com mamografia, diagnosticam tumores invasivos que, teoricamente, não as matariam, sendo tratado desnecessariamente, o que é inverídico e sem evidências na literatura médica”, afirma o mastologista.

Para ele, a conclusão do estudo como um todo é refutada por muitos outros estudos populacionais com milhares de mulheres em vários países, como EUA, Suécia e Noruega que atestam o benefício do rastreamento com mamografia e a redução efetiva da mortalidade por câncer de mama entre mulheres que realizam o rastreamento. “Está comprovado que a realização anual da mamografia por mulheres a partir dos 40 anos é essencial para a prevenção e o diagnóstico precoce do câncer de mama. Países que assim procedem apresentam redução de mortalidade para esta doença de até 38%, conforme recém estudo do American CancerSociety”, afirma.

 

Cinco informações importantes sobre a mamografia

 

1 – A compressão da mama é realmente necessária?

Essa compressão é absolutamente imprescindível, pois proporciona o espalhamento do tecido mamário para expor melhor as lesões que possam existir, e, desse modo, necessita de uma dose menor de radiação. Como é sabido, a compressão causa apenas um desconforto momentâneo na mama, que dura poucos segundos e que, obviamente, não traz danos, nem causa efeitos secundários. Tenha em mente que esses segundos podem prevenir doenças graves como o câncer.

 

2 – Realize o exame depois da menstruação. 

Para que o desconforto seja menor, convém agendar o exame para aproximadamente uma semana depois de terminar a menstruação; nesse momento as mamas estarão menos sensíveis.

 

3 – Não use desodorantes antes do exame. 

O produto deixa resíduos que podem simular uma lesão que não existe.

 

4 – A roupa escolhida para a realização do exame é importante. 

Para sua comodidade, é melhor usar um conjunto de duas peças, porque a paciente deve permanecer nua da cintura para cima e usar uma bata de radiologia durante a realização do exame. Mas não se preocupe, pois a maioria dos serviços oferece aventais às pacientes.

 

5 – Não se esqueça de levar seus exames antigos! 

Se não é sua primeira mamografia, leve SEMPRE os exames antigos para que o médico possa realizar a comparação. Isso é parte fundamental do exame e pode fazer a diferença em muitos casos. Além disso, você deve informá-lo sobre o histórico pessoal e familiar, o uso de possíveis tratamentos hormonais e a realização de cirurgias anteriores. O exame dura de 15 a 30 minutos e o desconforto é mínimo se levarmos em conta suas muitas vantagens.

 

Quando procurar um mastologista

 

1. Caroço nos seios

O nódulo pode ter o conteúdo líquido, conhecido como cisto, e geralmente é regular, móvel e não está relacionado a câncer. Nódulos sólidos, endurecidos e fixos geram uma maior preocupação.

 

2. Alergia nos mamilos

Traços vermelhos semelhantes à picada de inseto, erupção cutânea ou reação alérgica podem ser um aviso de doença grave e até mesmo câncer de mama.

 

3. Pele retraída

Alguns tumores podem crescer dentro da mama e repuxar a pele perto dele. Uma entrada na pele que não existia deve chamar a atenção.

  

4. Inchaço e sensação de calor

O inchaço do seio com a sensação de calor e peso pode ser um sinal de câncer de mama, principalmente quando for de um lado só.

 

5. Ferida nos seios

Aparição de ferida ou úlcera que não cicatriza.

 

6. Mudança na pele ao redor do mamilo

A pele que fica ao redor do peito fica mais quente, escamosa, vermelha ou inchada.

 

7. Secreção pelo bico

A aparição de secreção sanguinolenta ou aquosa no bico do seio deve sempre ser investigada.

 

Principais números sobre o câncer de mama

 

  • Estudos recentes realizados pela SBM, em parceria com o Colégio Brasileiro de Mastologia e a Febrasgo, revelaram que menos de 10% das cerca de 5,2 mil clínicas tanto pública quanto privada espalhadas pelo País têm o Selo de Qualidade em Mamografia concedido pelo Colégio Brasileiro de Radiologia.
  • Segundo os estudos, poucos diagnósticos são identificados no Brasil na fase inicial, sendo mais frequente as detecções de tumores avançados – pelo menos de 60% a 70% dos casos, o que não colabora com a redução da mortalidade.
  • Cerca de 58 mil novos casos são detectados a cada ano, segundo o INCA.
  • Cerca de 2,6 milhões de mamografias por ano são realizadas em mulheres da faixa etária entre 50 e 60 anos pelo SUS – uma cobertura de 24,4%, índice muito aquém do que é recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que é de 7 milhões.
  • 30% das mulheres realizam a mamografia pelo plano de saúde, segundo a ANS.
  • São cerca de 4,2 mil mamógrafos em uso no SUS em todo o Brasil, segundo o Ministério da Saúde. O número de mamógrafos é suficiente no país, no entanto eles são mal distribuídos – a maioria está nas grandes cidades e capitais, deixando boa parte da população do interior e de pequenas cidades descoberta, com impossibilidade de fazer o exame de maneira rápida.
  • A partir dos 70 anos é quando mais morrem mulheres por câncer de mama.
  • 6,6 por 100 mil pessoas é a taxa de mortalidade no Sul e Sudeste.
  • 14 por 100 mil pessoas é a taxa de mortalidade no Norte e Nordeste.
  • Segundo pesquisadores da Sociedade Brasileira de Mastologia, quanto menos informação as mulheres recebem sobre a prevenção do câncer de mama mais chances elas têm de morrer em consequência da doença. As taxas de mortalidade aumentaram nos estados onde há alto índice de exclusão humana e social e baixo índice de desenvolvimento humano, como é o caso de Rondônia, Tocantins, Santa Catarina, Maranhão, Piauí, Alagoas, Sergipe, Ceará. Já nos estados onde o índice de desenvolvimento humano é alto e a exclusão social é baixa, as taxas diminuíram, como nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná.
  • Apenas 29,2% das pacientes brasileiras submetidas à mastectomia pelo Sistema Único de Saúde (SUS) tiveram acesso à reconstrução em 2015, segundo a Rede Goiana de Pesquisa em Mastologia
  • Embora a reconstrução mamária tenha aumentado no período de 2008 a 2015, de 15% para 29,2%, cerca de 7,6 mil mulheres tratadas pelo SUS em 2015 não puderam ser beneficiadas pela Lei nº 12.802, que estabelece a reconstrução mamária como procedimento obrigatório no mesmo ato no qual foram retiradas as mamas.

 

Fontes: Sociedade Brasileira de Mastologia e CDPI (Clínica de Diagnóstico por Imagem) 

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