Parar de fumar não faz aumentar consumo de álcool

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cigarro

Muita gente acha que todo fumante que quer parar de fumar pode conseguir sem medicamentos ou ajuda profissional – basta vontade. Eu consegui desta forma, faz 20 anos, mas nem sempre é assim e o processo é muitas vezes difícil e doloroso. O hábito (ou seria vício) de fumar (e de parar de fumar) é cercado por muitos mitos e verdades. Um deles é que deixar de fumar levaria a pessoa a consumir mais bebida alcoólica, como forma até mesmo de compensar a abstinência do tabaco.

Estudo recente publicado na revista científica ‘BMC Public Health’ aponta que, ao contrário, parar de fumar, ou pelo menos tentar parar, pode ajudar a reduzir o consumo de álcool. E comprovo a tese porque isso aconteceu comigo. Uma possível explicação para essa associação, de acordo com  pesquisadores da Universidade College London, na Inglaterra, é que fumantes que estão tentando largar o vício podem também reduzir intencionalmente o consumo de álcool a fim de evitar a recaída.  De acordo com o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NIH, na sigla em inglês), o consumo de álcool pode agir como um gatilho para o tabagismo, prejudicando a tentativa das pessoas pararem de fumar”.

O médico oncologista Cristiano Guedes Duque, da Oncoclínica Centro de Tratamento Oncológico, listou outros mitos de parar de fumar:

Parar de fumar basta vontade: Realmente, a vontade de parar é o mais importante! Mas nem todos conseguem interromper esse vício sem ajuda. O hábito de fumar envolve inúmeras situações do dia a dia, que desencadeiam a vontade, além da dependência química da nicotina propriamente dita. Por isto, a interrupção desse comportamento pode ser muito difícil. O apoio de profissionais de saúde treinados pode ser de grande ajuda, seja para tirar dúvidas, incentivar, sugerir mudanças na rotina ou mesmo associar medicamentos. É importante lembrar que esse tratamento é oferecido de forma gratuita no Sistema Único de Saúde (SUS).

Cigarro de palha: Todos os derivados do tabaco são nocivos à saúde, não importa a forma de uso (inalação, aspiração ou mastigação). Já foram descritas mais de 4.720 substâncias tóxicas presentes nesses produtos, que podem causar vários danos ao organismo, inclusive dependência química e câncer.

Fumar ocasionalmente: É fato: todos os derivados do tabaco possuem a nicotina, uma substância psicoativa. Ou seja, ela induz modificações nos neurotransmissores de nosso cérebro. Estas modificações estão relacionadas a alterações em nosso estado emocional e comportamental, associando o ato de fumar, mesmo que ocasional, a boas sensações. É também muito bem estabelecido que esta substância, a nicotina, causa tolerância em nosso organismo: cada vez mais, para ter aquele mesmo efeito, é necessária uma dosagem maior. Além disso, ao longo de nossa vida, todos estamos sujeitos a períodos de maior dificuldades pessoais e ansiedade, o que também pode levar a uma maior necessidade da “recompensa” do tabaco.

Patologias mentais: Os derivados do tabaco possuem a nicotina, que é uma substância psicoativa que leva a alterações em nosso sistema nervoso central, com uma sensação de alívio de ansiedade. Porém, além do efeito da tolerância em nosso organismo (necessidade de uma dosagem maior para ter o mesmo efeito), essas “boas sensações” da nicotina têm um efeito extremamente rápido, que praticamente termina assim que aquele cigarro é apagado. E, como se não bastasse, ela vem acompanhada de várias outras substâncias nocivas à saúde.

O tabagismo não mata: As primeiras evidências de que o tabaco mata são do final do século XIX, ou seja, há mais de 100 anos. Desde então, inúmeros estudos já confirmaram esses indícios. Estima-se que no Brasil, a cada ano, mais de 200 mil pessoas morram de forma precoce devido ao tabagismo. Isso sem levar em conta os danos ao meio ambiente e as doenças relacionadas ao tabaco, que podem afetar de forma significativa a qualidade de vida e gerar um custo enorme ao sistema de saúde. São exemplos dessas doenças: enfisema pulmonar, bronquite crônica, asma, infecções respiratórias, angina, infarto agudo do miocárdio, hipertensão arterial, aneurismas, acidente vascular cerebral, tromboses, úlcera do aparelho digestivo; osteoporose; catarata; impotência sexual no homem;  infertilidade na mulher; menopausa precoce e complicações na gravidez, entre outros.  

Fumante passivoAquele que inala a fumaça de derivados do tabaco devido ao convívio com fumantes em ambientes fechados pode ser acometido por praticamente todas as doenças relacionadas a essa substância. De fato, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o fumo passivo é a terceira maior causa de morte evitável no mundo. 

CriançasHá dois efeitos gravíssimos decorrentes de fumar na frente de crianças: O primeiro é que as mesmas podem ser acometidas por várias doenças, como pneumonia, bronquite, exacerbação de asma, infecções do ouvido médio, síndrome da morte súbita infantil, além de uma maior probabilidade de desenvolvimento de doença cardiovascular na idade adulta; a segunda sequela é o risco de a criança adquirir o hábito de fumar, no futuro, devido às recordações e ao convívio.

Atendimento gratuito

Com mais de 180 mil consultas gratuitas já realizadas em seus cinco postos no Estado do Rio de Janeiro, o Brasil Sem Alergia vai inaugurar nesta segunda-feira, dia 24 de outubro, um ambulatório antitabagismo, onde consultas e orientação clínica serão oferecidas gratuitamente para fumantes que queiram largar o vício do tabagismo.

A unidade foi instalada dentro da sede do Brasil Sem Alergia, na Rua Conde de Porto Alegre 167, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. À disposição de toda a população do Rio, os atendimentos no ambulatório antitabagismo serão realizados às terças e sextas pela imunologista e toxicologista Maria de Lurdes Pereira. Com 40 anos de experiência nessa área, Dra. Lurdes se junta à equipe do Brasil Sem Alergia para tentar reduzir o número de fumantes no Rio de Janeiro e, consequentemente, diminuir a incidência de problemas respiratórios na região em função do tabagismo.

O Brasil Sem Alergia é um projeto social que oferece gratuitamente diversos procedimentos de prevenção e tratamento de alergias e doenças imunológicas. Com três postos na Baixada Fluminense (Duque de Caxias, Xerém e Nova Iguaçu), um na Zona Oeste do Rio (Realengo) e uma quinta unidade na Região dos Lagos (Iguaba Grande), a equipe da ação social oferece testes alérgicos, atendimento médico, orientação multidisciplinar e exame de espirometria (teste de sopro). O projeto está à disposição de toda a população d de segunda a sábado, com agendamento através dos telefones (21) 3939-0239, (21) 2652-2175 ou através do site www.brasilsemalergia.com.br

Seis milhões de mortes por ano

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o tabagismo é a principal causa de morte evitável no mundo, respondendo por 63% dos óbitos relacionados a doenças crônicas não transmissíveis, 85% das mortes por doença pulmonar crônica  (bronquite e enfisema), 30% das mortes por diversos tipos de câncer (pulmão, boca, laringe, faringe, esôfago, pâncreas, rim, bexiga, colo de útero, estômago e fígado),  (angina e infarto) e 25% por doenças cerebrovasculares (acidente vascular cerebral).

O Programa Nacional de Controle do Tabagismo do Instituto Nacional do Câncer (INCA) destaca que o tabagismo também é um fator importante de risco para o desenvolvimento de outras doenças, como tuberculose, infecções respiratórias, úlcera gastrintestinal, impotência sexual, infertilidade em mulheres e homens, osteoporose, catarata, entre outras doenças.

Dados da entidade revelam que globalmente 6 milhões de pessoas morrem todos os anos por conta de tabagismo, sendo 600 mil fumantes passivos (pessoas que não fumam, mas convivem com fumantes). A previsão da OMS é que, se nada for feito, o mundo passará a registrar mais de 8 milhões de mortes por ano a partir de 2030, sendo que mais de 80% delas devem atingir pessoas que vivem em países de baixa e média renda.

Fontes: Oncoclínica e  Brasil Sem Alergia

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