Câncer: remédio à base de biomarcadores é aprovado nos EUA

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O Food em Drug Administration (FDA), órgão regulador de medicamentos do EUA, concedeu no início de junho aprovação acelerada para um medicamento contra o câncer orientado para lesões que têm uma característica genética específica (biomarcador), independente do local onde iniciaram. Esta é a primeira vez que a agência aprovou um tratamento contra a doença com base em um biomarcador comum em vez da localização no corpo onde o tumor se originou. 

Pembrolizumab (nome comercial Keytruda) já tinha aprovação no Brasil para o tratamento do melanoma (um tipo agressivo de câncer de pele). No dia 6 de junho, a Anvisa liberou o medicamento para tratamento de câncer de pulmão. Agora, passa a ser aprovado nos Estados Unidos para o tratamento de pacientes adultos e pediátricos com tumores sólidos não ressecáveis ​​ou disseminados que foram identificados como tendo um biomarcador chamado de insegurança por microssatélites alto (MSI-H) ou falha na reparação inadequada(dMMR).

Esta indicação abrange pacientes com tumores sólidos que progrediram após o tratamento prévio e que não têm opções de tratamento alternativas satisfatórias. Um total de 15 tipos de câncer foram identificados em 149 pacientes com o biomarcador. A aprovação foi baseada na taxa de 40% de pacientes que tiveram redução das lesões por tempo considerado prolongado, sendo que 80% das vezes a doença foi controlado por mais de seis meses.

Stephen Stefani, oncologista do Hospital do Câncer Mãe de Deus e um dos autores de um artigo sobre biomarcadores publicados na revista The Lancet Oncology no ano passado, entende que trata-se de um relevante avanço. “É uma mudança importante na forma que a medicina vem construindo seus progressos, quando o macroambiente tumoral definidamente assume um papel tão importante que define a estratégia terapêutica”.

Apesar de promissor, existem questões que não estão claramente resolvidas, alerta Dr. Stefani, como definir claramente critérios de resposta ao tratamento, uma vez que os critérios tradicionais, a exemplo da redução do tumor, nem sempre estão correlacionados com impacto prognóstico, ou seja, até quando as imagens sugerem que a lesão aumentou, pode haver ganho no tempo e qualidade de vida. Outra questão prática será o acesso a esses remédios, que tem custos que podem chegar a valores que variam entre R$ 500 mil e R$ 1 milhão por ano. “Evidentemente, a incorporação irrestrita é inviável para o sistema de saúde, seja público ou privado, da forma como está. Temos que discutir, com celeridade, fórmulas de tornar a saúde mais eficiente para que o conceito de valor passe a ser mais importante que o preço”, conclui o oncologista.

Medicamento para câncer de pulmão

Em novembro do ano passado, o FDA já havia aprovado o atezolizumabe, comercialmente chamado de Tecentriq® (atezolizumabe), para tratar pacientes com câncer de pulmão de células não-pequenas (NSCLC) localmente avançado ou metastático, que é quando o tumor já comprometeu outros órgãos. Considerado a principal causa de morte por câncer em todo o mundo, o câncer de pulmão continua sendo uma necessidade médica não atendida. Segundo o Instituto Nacional do Câncer – INCA, 28.220 novos casos de câncer de pulmão devem ser notificados no Brasil em 2016¹.

O medicamento imuno-oncologico atezolizumabe demonstrou um aumento na vida dos pacientes metastáticos de 13,8 meses. Esse ganho representa um total de 4,2 meses a mais do que os pacientes tratados com a terapia convencional com docetaxel (quimioterapia). Um dos principais causadores do câncer de pulmão é o cigarro, cerca de 95% dos casos de cancer em homens e 80% em mulheres são relacionados ao tabagismo, por este motivo, os médicos apontam que a melhor forma de prevenir a doença é não fumar e evitar o contato com produtos quimicos, como o amianto, que também pode desenvolver o tumor no pulmão.

“Por ser um câncer que se desenvolve silenciosamente, no qual os sintomas como tosse com sangue, dores no peito e perda de peso não aparecerem no estágio inicial da doença, o diagnóstico muitas vezes é feito quando o câncer está em um quadro avançado. Os tratamentos tradicionais disponíveis para estes pacientes com doença avançada como a cirurgia, a quimioterapia, a radioterapia utilizados isoladamente ou em combinações oferecem resultados insuficientes”, afirma Carlos Barrios, diretor do Hospital do câncer Mãe de Deus e da PUC-RS.

Tratamentos e pesquisas reduzem sessões de radioterapia

Assim como o desenvolvimento de equipamentos cada vez mais avançados, o know-how e o domínio de técnicas apresentam-se como grandes diferenciais no tratamento oncológico. Exemplo disto é a aplicação da técnica de “hipofracionamento” da radioterapia no combate ao câncer de próstata. Trata-se de um protocolo terapêutico capaz de reduzir o número de sessões de radioterapia pela metade. No Brasil, o Hospital do Câncer Mãe de Deus é pioneiro em adotar a prática como rotina para todos os pacientes acometidos pela doença, explica Dr. Fernando Obst, médico radio-oncologista e coordenador do setor.

A partir da instalação do acelerador linear Trilogy, um dos mais modernos aparelhos de radioterapia do mundo, realizada em 2013, oHospital Mãe de Deus pôde incorporar nos últimos anos técnicas com maior precisão e menor impacto ao bem estar do paciente. Entre elas, estão os métodos de intensidade modulada (conhecida como IMRT, que intensifica a dose de radiação no tumor, poupando o máximo possível os órgãos vizinhos) e a radioterapia guiada por imagem (IGRT) através de um conjunto de equipamentos de imagem de alta definição acoplados ao aparelho de radioterapia, proporcionando um controle extremo e diário do posicionamento do paciente. Tais recursos permitiram a adoção dos protocolos de hipofracionamento para o tratamento de tumores localizados na próstata.

Conforme Dr. Fernando Obst, a adoção da técnica foi impulsionada pela alta da demanda deste tipo de câncer, que hoje representa 20% de todos os casos atendidos na unidade. Para aumentar a precisão do local a ser atingido pela radiação sem comprometer as células saudáveis no entorno, os pacientes são submetidos a avaliações com imagens diárias antes das sessões de tratamento. Estas imagens permitem a certificação do posicionamento correto do alvo, garantindo eficácia e sem aumentar os efeitos colaterais em bexiga e intestino.

As vantagens operacionais da técnica aumentam significativamente a qualidade de vida do paciente.  Através do hipofracionamento, o tratamento radioterápico contra o câncer de próstata, por exemplo, pode ser reduzido de 40 para 20 sessões. A aplicação é possível para todos os pacientes com diagnóstico da doença. “É tendência mundial da radioterapia: tratamentos de alta precisão, com doses mais altas por aplicação, em períodos mais curtos”, diz o especialista.

Seguindo protocolos internacionais, o método já é empregado pela instituição no combate ao câncer de mama, pulmão e tumores cerebrais. “Até mesmo para metástases, em quadros mais avançados, a radioterapia tem papel importante no alívio de sintomas. Pode ser aplicada em um número ultra curto de sessões ou, inclusive, em uma única dose, dependendo da situação”.  Além de ajudar no combate do câncer de próstata, a técnica também traz comodidade, pois reduz drasticamente o número de deslocamentos do paciente, bem como o tempo de afastamento do trabalho e de seu domicílio. “É uma importante vantagem que reduz o desgaste e o stress, especialmente para aqueles que viajam do interior em busca de tratamento na Capital”, comenda Dr. Fernando Obst.

Fonte: Hospital Mãe de Deus (RS)

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