Machismo ainda impera e homens resistem ao toque retal

Apesar de ser o o exame mais indicado, toque retal ainda enfrenta tabu. Exames como a biópsia conjugada a ressonância e ultrassom é capaz de detectar doença mais precocemente

Exame de toque retal, associado ao exame de sangue (PSA), ajuda a detectar 90% dos casos da doença (Reprodução de internet)
Gostou desse conteúdo? Compartilhe em suas redes!

 

Exame de toque retal, associado ao exame de sangue (PSA), ajuda a detectar 90% dos casos da doença (Reprodução de internet)
Exame de toque retal, associado ao exame de sangue (PSA), ajuda a detectar 90% dos casos da doença (Reprodução de internet)

Mesmo sendo uma das doenças mais comuns entre os homens, o câncer de próstata ainda é cercado de tabus. Principalmente quando se considera que o exame mais comum para detecção da doença é o toque retal, que ainda enfrenta resistência de muitos homens. Até piadas de mau gosto envolvem o tema.

Recente pesquisa do Datafolha mostrou que 76% dos torcedores brasileiros reconhecem o toque retal como um exame importante para o diagnóstico da doença. Apesar disso, cerca de 48% dos entrevistados afirmaram acreditar que o machismo é o principal motivo pelo qual os homens não fazem o exame. Além disso, outros 21% disseram não considerar o procedimento “coisa de homem” e 12% apontaram a vergonha e o constrangimento como impeditivos.

Divulgada em agosto de 2017, a pesquisa foi feita a pedido da Sociedade Brasileira de Urologia, o Instituto Oncoguia e a Bayer com 1.602 homens acima dos 40 anos nas sete capitais: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Salvador e Recife.  As capitais onde os entrevistados mais alegaram não realizar o exame por não ser “coisa de homem” foram Porto Alegre, Belo Horizonte e Curitiba.

Entre os entrevistados com mais 60 anos, apenas 27% já fizeram o exame de toque e 32% dos entrevistados não conhecem nenhum sintoma do câncer de próstata. No caso de um diagnóstico de câncer de próstata avançado, 14% dos homens não desanimariam e buscariam tratamento médico, enquanto que a mesma porcentagem não saberia o que fazer.

Exames de imagem são alternativa ou complemento

De acordo com especialistas, junto do exame de sangue, por meio do Antígeno Prostático Específico (PSA), o toque retal é fundamental para o rastreamento do câncer de próstata. Quando associados, esses dois exames podem dar uma segurança de cerca de 90% ou mais, auxiliando no diagnóstico precoce da doença. Ambos são cobertos pelo Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde que determina a cobertura mínima obrigatória dos planos de saúde.

Para Leonardo Kayat, radiologista da Clínica de Diagnóstico por Imagem (CDPI), o toque retal causa, de fato, um certo desconforto e pode realmente afastar os homens da busca pelo diagnóstico. Mas as inovações da medicina trouxeram novas alternativas para a detecção de tumores na próstata e os exames de imagem ganharam mais vantagens e benefícios para o paciente.

“A evolução dos equipamentos contribui diretamente para um diagnóstico cada vez mais precoce e preciso, além de influenciar diretamente na eficácia dos tratamentos adotados e na cura de doenças”, explica. Uma das novidades é a biópsia que conjuga imagens da ressonância de próstata com a ultrassonografia.

 

Vantagens dos exames de imagem 

 

Mais qualidade no diagnóstico – Entre os métodos de diagnóstico, a ressonância de próstata é muito promissora, por causa da alta resolução das imagens e da maior nitidez comparada com as imagens geradas pela ultrassonografia. Isso oferece mais precisão na visualização de pequenas lesões.

Rapidez sem desconforto – Exames como a ressonância, por exemplo, demoram cerca de 30 minutos, não são invasivos e ampliam a visão sobre a condição de saúde do paciente, mostrando se a próstata está, de alguma forma, alterada e se existem lesões suspeitas. Outro exemplo é o exame de PET-CT. Muito utilizado para diagnóstico oncológico, também é indolor e, em apenas de 12 a 15 minutos, é capaz de fazer a detecção dos possíveis tumores no organismo do paciente, até mesmo os de menor tamanho, com grande clareza nas imagens.

Redução do excesso de diagnóstico de lesões que não precisam de tratamento –  Ao detectar lesões suspeitas, os pacientes são encaminhados para biópsia. Feito tradicionalmente por ultrassonografia, o método apresenta algumas limitações, como explica Leonardo Kayat, como baixa sensibilidade na visualização, excesso de diagnóstico de lesões insignificantes – que não precisam de tratamento – e falha em detectar lesões em localizações atípicas na próstata.

Monitoramento do avanço do câncer e resposta ao tratamento – Além do diagnóstico de câncer, exames de imagem como o PET-CT também ajudam os médicos a acompanhar a evolução da doença – em casos de metástase, a resposta ao tratamento e até a recorrência do tumor de próstata que se manifesta de forma muito precoce. “É possível modificar significativamente a classificação de risco dos pacientes e a decisão pelo tratamento adequado, o que aumenta a confiança do diagnóstico”, finaliza Leonardo Kayat.

Nova técnica de biópsia funde ressonância e ultrassonografia – Uma nova técnica de biópsia de próstata foi implementada – de forma pioneira no Estado do Rio pela CDPI –, que utiliza a fusão de imagens de ressonância magnética e ultrassonografia.  De acordo com Leonardo Kayat, o novo método possui maior precisão na detecção de lesões suspeitas e significativas – aquelas que necessitam de tratamento imediato – e reduz o diagnóstico excessivo de lesões insignificantes e tratamentos desnecessários.

Segundo um estudo da European Urology, a biópsia por fusão de imagens detecta 32% a mais de tumores significativos do que a biópsia comum por ultrassom. Na prática, o paciente faz antes o exame de ressonância, e as imagens resultantes são exportadas para o equipamento de ultrassom, no qual o radiologista consegue abri-las lado a lado, demarcando a lesão significativa na imagem obtida com a ressonância – mais definida – e guiando a agulha para a biópsia pelo ultrassom.

 

Mais sobre o câncer de próstata

Incidência –  Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), foram estimados 61.200 novos casos da doença entre 2016 e 2017 no Brasil, constituindo o tipo de câncer mais incidente em homens de todas as regiões do país – com 28,6% dos casos, atrás apenas do câncer de pele não-melanoma.

Mortalidade – Apesar dos avanços terapêuticos, cerca de 25% dos pacientes com câncer de próstata ainda morrem devido à doença. As taxas de incidência no Brasil vêm aumentando por causa do aumento da expectativa de vida da população (três quartos dos casos de câncer de próstata no mundo ocorrem em homens acima dos 65 anos) e da melhoria da capacidade diagnóstica.

Idade – A Sociedade Brasileira de Urologia recomenda que homens a partir de 50 anos devem procurar um profissional especializado para avaliação individualizada pelo menos uma vez ao ano. Aqueles da raça negra ou com parentes de primeiro grau com câncer de próstata devem começar esse acompanhamento aos 45 anos.

Cartilha – Para informar a população, em linguagem simples, sobre os aspectos gerais da doença, o Inca lançou a cartilha “Câncer de próstata: vamos falar sobre isso?”, com informações sobre fatores de risco, diagnóstico e tratamento.

Evolução – De acordo com o Inca, em sua fase inicial o câncer de próstata tem evolução silenciosa.  Muitos pacientes não apresentam nenhum sintoma ou, quando apresentam, são semelhantes aos do crescimento benigno da próstata (dificuldade de urinar ou necessidade de urinar mais vezes durante o dia ou à noite). Na fase avançada, pode provocar dor óssea, sintomas urinários e até infecção generalizada ou insuficiência renal.

OncoRede da ANS de olho nos pacientes com câncer de próstata

Com objetivo de melhorar a atenção oncológica aos beneficiários de planos de saúde no país, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) iniciou em 2016 o Projeto OncoRede, que propõe um conjunto de ações integradas para reorganizar e aprimorar a prestação dos serviços de saúde para pacientes com câncer no Brasil.

Atualmente, participam do Projeto 19 operadoras e 24 prestadores de serviços. Deste total, quatro prestadores e sete operadoras estão implementando projetos que contemplam o cuidado ao paciente.  Além das iniciativas cadastradas pelo Projeto OncoRede, atualmente a ANS contabiliza 44 programas aprovados pela reguladora de Promoção da Saúde e Prevenção de Riscos e Doenças (Promoprev) para o rastreamento e cuidado do câncer de próstata.

O modelo proposto pela ANS e demais parceiros engloba ações de promoção de saúde, prevenção do câncer e busca ativa para o diagnóstico precoce; continuidade entre o diagnóstico e o tratamento, sendo este mais adequado e em tempo oportuno; articulação da rede de assistência (informação compartilhada) e pós-tratamento.

“Para aprimorar o rastreamento de cânceres passíveis de detecção precoce, como o de próstata, estamos propondo a realização de estudos que permitam às operadoras e prestadores medir o número de exames esperados em sua população e identificar o caminho a ser percorrido pelo paciente após a suspeita de câncer; além de definir indicadores de monitoramento do acesso, da qualidade e do nível de coordenação do cuidado”, explica o diretor de Desenvolvimento Setorial da ANS, Rodrigo Aguiar.

Fonte: ANS e CDPI, com Redação

 

Gostou desse conteúdo? Compartilhe em suas redes!

You may like

In the news
Leia Mais
× Fale com o ViDA!