Glaucoma: o que os olhos não vêem, os especialistas enxergam

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olhos

O Dia Nacional de Combate ao Glaucoma, lembrado em 26 de maio, abre os olhos para um problema que  atinge até 2% da população com mais de 40 anos, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).  De acordo com o Conselho Brasileiro de Oftalmologia, aproximadamente 3% da população brasileira acima de 40 anos apresentam glaucoma. Os afrodescendentes, diabéticos e hipertensos também têm mais chances de desenvolver a doença. São mais de 2 milhões de pessoas convivendo com o glaucoma, uma das principais causas de cegueira evitável. Em todo o mundo, estima-se que 4,5 milhões de pessoas tenham ficado cegas por causa do glaucoma.

Normalmente, o glaucoma é causado pela alta pressão ocular. Segundo a Organização Mundial da Saúde, cerca de 10% dos casos de cegueira no mundo é ocasionado por esse mal. A Sociedade Brasileira de Glaucoma (SBG) alerta para importância de desmistificar a doença. “Atualmente o glaucoma não condena mais à cegueira se tiver o tratamento adequado. O conhecimento da doença por parte da sociedade é fundamental. Hoje temos novidades que facilitam a adesão dos pacientes ao tratamento correto”, afirma o médico Emílio Suzuki,  secretário-geral da  SBG e professor de oftalmologia da PUC/MG.

Geralmente assintomático em estágio inicial, o glaucoma afeta a visão de forma lenta e progressiva e sua identificação ocorre muitas vezes em estágio avançado. A realização de exames regulares é fundamental para que ocorra um diagnóstico precoce e haja a possibilidade de reversão do quadro. “O glaucoma é silencioso, não apresenta sintomas, pois a perda de visão periférica no início é muito sútil. Por isso, se houver quadros da doença na família, é necessário desde cedo fazer acompanhamento com especialista. Se não for tratado pode levar à cegueira irreversível”, alerta o oftalmologista do Hospital e Maternidade São Cristóvão, Dr. Hélcio Júnior.

Cristo Redentor verde, em sinal de alerta

De acordo com a diretora médica e responsável pelo setor de glaucoma do Centro da Saúde Ocular Kátia Mello, em Duque de Caxias (RJ), Fábia Helena Crespo, é preciso conscientizar a população em geral sobre a importância do diagnóstico precoce da doença. “O glaucoma é uma doença silenciosa, ou seja, o paciente não percebe nenhum sintoma, mas o problema leva à perda visual progressiva. É a principal causa de cegueira irreversível no mundo. A consulta com o oftalmologista é a única maneira de fazer o diagnóstico e tratamento precoce, que são fundamentais para preservação da visão”, explica.

Ainda segundo a OMS, quase 90% das pessoas cegas vivem em países do terceiro mundo. Para a oftalmologista Kátia Mello, diretora do Centro da Saúde Ocular Kátia Mello, faltam informações e serviços básicos relacionados à saúde ocular para as pessoas mais carentes. Ela destaca que iniciativas que conscientizem a população são fundamentais para esclarecer as dúvidas e, com isso, ajudar no combate ao glaucoma.

Para alertar sobre a importância do tratamento do glaucoma o Cristo Redentor será todo iluminado de verde nesta sexta-feira à noite. Acontece entre os dias 25 e 27 de maio, o XVII Simpósio Internacional da Sociedade Brasileira de Glaucoma. O evento conta com a presença dos mais importantes especialistas brasileiros e de renomados convidados internacionais que vão debater todas as novidades e mais recentes avanços no tratamento do glaucoma.

Entenda a doença 

O glaucoma é uma doença que afeta o nervo óptico, responsável pela visão, normalmente associada à pressão alta no olho. Na maior parte dos casos, esse nervo é lesionado quando a pressão do líquido na parte anterior do olho aumenta. No entanto, a lesão ocular relacionada com o glaucoma pode ocorrer mesmo quando a pressão do líquido é normal. A doença oftalmológica danifica o nervo ótico e envolve a perda de células da retina responsáveis por enviar os impulsos nervosos ao cérebro.

Embora a incidência seja mais comum em adultos a partir dos 40 anos de idade,  a doença pode acometer pacientes mais jovens e até recém-nascidos. “O glaucoma congênito ocorre quando a criança já nasce com a doença. O glaucoma crônico é o mais comum e acomete pessoas acima de 40 anos, com história familiar e o glaucoma agudo é uma urgência oftalmológica que, se não for tratada, pode levar à cegueira irreversível”, explica Marianne Sobral, docente de Medicina do Centro Universitário São Camilo. “O glaucoma também pode ser secundário a complicações do diabetes, processos inflamatórios oculares como as uveítes, traumas após cirurgias de catarata, entre outros”.

O portador de glaucoma, se não tratado, começa a perder a visão periférica (consegue enxergar bem os objetos à sua frente, mas não o que está nas laterais). Nos estágios mais avançados, a visão central também é atingida. Quanto mais cedo a doença for diagnosticada e tratada, maiores são as chances de se evitar a perda da visão. “Consulte um médico se sentir dores nos olhos, visão distorcida, aureolas de arco-íris ao redor das luzes, dor de cabeça, náusea ou vômito. É importante realizar exames laboratoriais ou de imagem para confirmar o glaucoma”, recomenda.

Como diagnosticar

Para quem tem histórico de glaucoma na família, o exame preventivo é imprescindível. Também fazem parte do grupo de risco os portadores de diabetes; os míopes e hipermétropes; os maiores de 60 anos; e negros, principalmente com mais de 40 anos de idade. Para as crianças, um pré-natal adequado e o teste do olhinho são imprescindíveis para prevenir o glaucoma congênito, umas das principais causas de cegueira na infância

“O exame de rotina é importante, pois a maioria dos pacientes com glaucoma não sente nada até que a doença esteja avançada. Quando o médico descobre no início, antes de o paciente ter qualquer sintoma, o tratamento é mais fácil e com mais chance de dar certo”, afirma o oftalmologista. A visão perdida por causa do glaucoma não pode ser recuperada, mas a doença pode ser controlada, diminuindo a pressão do olho com uso de medicamentos.  “Para tratar, normalmente são indicados colírios que regulam a pressão intraocular. Em casos mais avançados, pode ser necessário realizar cirurgia para tentar regular essa pressão”, explica Dr Hélcio.

O glaucoma tem mais chance de acontecer em pacientes mais idosos e em pessoas que têm algum parente com glaucoma, principalmente pai, mãe e irmãos. Por isso, é importante ir a uma consulta de rotina com um oftalomologista após os 40 anos, mesmo que a pessoa não use óculos. O tratamento da doença pode ser feito com colírios, laser e cirurgia, dependendo do caso. O objetivo de todas essas alternativas é diminuir a pressão e não deixar o glaucoma causar mais dano a visão.

O diagnóstico é feito pelo médico oftalmologista através de exames oftalmológicos que são a tonometria (medida da pressão intra-ocular), exame de mapeamento de retina para avaliar o nervo óptico e o exame para avaliar a visão periférica. Segundo Eric Andrade, docente do curso de Medicina do Centro Universitário São Camilo, apesar de não ter cura, a doença tem tratamento. “O ideal é a pessoa fazer uma consulta anual com o oftalmologista, principalmente acima dos 40 anos de idade, que é a faixa etária de maior risco. O tratamento, na maioria das vezes, é feito com colírios e, caso não funcione, é recomendada a cirurgia”.

Tipos de glaucoma

O glaucoma é causado pela lesão do nervo óptico relacionada à pressão ocular alta e pode se manifestar de duas formas: crônica ou aguda. No glaucoma crônico, há a perda de visão periférica, devido a lesões nas fibras dos nervos originados na retina, causadas, principalmente, pela pressão interna do olho alta. Já quando agudo, a pressão do olho torna-se extremamente alta, podendo causar perda súbita e grave da visão. Embora raramente apresente sintomas, nos casos agudos, o paciente pode sentir fortes dores de cabeça, enjoo, dor ocular e fotofobia.

Há dois tipos comuns de glaucomas, o glaucoma de ângulo aberto primário, quando o líquido circula livremente no olho e a pressão tende a subir lentamente ao longo do tempo; e uma forma menos frequente da doença, denominada glaucoma agudo ou de ângulo fechado, no qual a pressão aumenta rapidamente porque o fluxo normal de líquido dentro do olho fica bloqueado. O primeiro é mais comum e não costuma apresentar sintomas, além da perda gradativa da visão. Já o de ângulo fechado são casos mais raros e graves, que precisam de emergência médica e vêm acompanhados de dores oculares, náuseas e distúrbios da visão.

Segundo o médico oftalmologista da rede dr.consulta, Eduardo Mariotonni, outras formas mais raras da doença podem estar relacionadas com defeitos oculares que se desenvolvem antes do nascimento, o chamado glaucoma congênito ou com lesões oculares, tumores do olho ou problemas como o diabetes. Em alguns casos, o uso frequente de medicamentos como corticosteroides podem desencadear o glaucoma.

– O glaucoma crônico simples ou glaucoma de ângulo aberto é o mais frequente e representa cerca de 80% dos casos no Brasil. Incide nas pessoas acima de 40 anos e pode ser assintomático.

– O glaucoma de ângulo fechado agudo tem como principal característica o aumento súbito de pressão intraocular, devido ao estreitamento do seio camerular. Este tipo de glaucoma é mais frequente  na etnia oriental.

– O glaucoma congênito, raro, manifesta-se em recém-nascidos.

– Existem ainda os glaucomas secundários,  que podem ser decorrentes de complicações de outras doenças como diabetes, uveítes, cataratas, etc.

Fatores de risco

É fundamental que pessoas que apresentam algum risco de desenvolver a doença sejam regularmente examinadas por um oftalmologista. Embora não se consiga a afirmar exatamente por que uma pessoa desenvolve glaucoma, estudos mostram que ele é mais frequente em pessoas com:

• Idade maior que 40 anos;

• Hipertensão arterial (pressão alta);

• Miopia elevada (graus muito altos de miopia);

• Histórico de glaucoma na família.

Conheça os sintomas

Glaucoma de ângulo aberto: a perda da visão é indolor e ocorre de forma tão gradual que a maior parte das pessoas não tem consciência do problema até que tenha ocorrido uma lesão substancial. A visão periférica (nas bordas) é geralmente perdida em primeiro lugar, especialmente o campo visual próximo do nariz.

À medida que áreas maiores da visão periférica se perdem, a pessoa pode desenvolver uma visão em túnel ― uma visão que se estreitou tanto que a pessoa só consegue ver o que se encontra imediatamente à sua frente, como se estivesse olhando através de um túnel. Se o glaucoma não for tratado, mesmo essa visão estreita desaparece, conduzindo à cegueira. Uma vez desaparecidas, as áreas de visão perdidas não podem ser recuperadas.

Glaucoma agudo (glaucoma de ângulo fechado): os sintomas ocorrem subitamente e podem incluir visão turva, dor e vermelhidão ocular, dores de cabeça intensas, halos em redor das luzes à noite, uma névoa na córnea (a parte anterior transparente do olho, à frente da pupila), náuseas e vômitos, bem como fraqueza extrema.
Fonte: Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), Sociedade Brasileira de Glaucoma e especialistas

 

 

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